18 de março de 2011

Conversa com Estranhos - nem sempre se aprende

    Tem muita gente por aí que diz que gosta de desabafar com estranhos, mas nem sempre isso parece bom quando se é o ouvinte. Tava lá na fila do banco, devidamente sentada com a fichinha na mão esperando a vez, quando sentou com homem com seus bem vividos 45 anos mais ou menos e começou a falar assim do nada – acho que ele foi com a minha cara, tem disso né?

Homem com seus 45 anos bem vividos diz:

  
Até agora não sei quê. Tou numa puta desordem psicológica – perturbado, desiquilibrado, desestruturado e mazelado. Possuído por uma perturbação que não tem mais tamanho, além do que depois de Raquel fiquei com uma enxaqueca sem previsão de melhora. Meus últimos trocados foram gastos ali: uma pizza, uma cerveja, umas fritas. Agora nem sei como vou sair amanhã pra uma reunião desagradável com um cara que comeu meu dinheiro durante seis meses, nada menos... Só devo 30 contos por aí e mais uns tantos ao banco e uns acordos com umas lojas de quinta e eu não sei no que vai dar. Até agora não sei quê. E não me sai da cabeça essa dor que angustia, que me perturba, que... manguaça!
          Raquel, uma rapariga que conheci há alguns meses... Só me dá dor de cabeça essa mulher. Não tenho mais sossego, sabe. Com ela meu equilíbrio acaba e eu esqueço até do meu nome. Não me reconheço. Essa mulher se tornou meu vício. Tou aqui agora nessa fila pra ver se consigo mais alguns com o banco, preciso... Você....

     - E eu não falei nada durante a conversa a não ser... ãham...

        Enfim, o painel chamou meu número e eu me dirigi ao balcão para resover minhas pendências.
        Dane-se!

2 comentários:

  1. Incrível como o ahan traduz tudo que precisamos dizer na hora!

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  2. O "ahan" mudou minha vida, sério. O adotei. Adorei a parte da rapariga rsssss

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Você pode dizer muito ou quase nada; pode apenas fincar as suas unhas e aranhar a minha janela ou derrubar as cortinas, não tem problema: mostre que você está vivo! Obrigada por estar aqui!