9 de maio de 2011

Super-Homem

- Era assim. Quando eu era pequeno me via envolto naquela capa vermelha. Me via às voltas com um lençol bancando o super-herói para meus colegas. 


Ele ficou um tempo em silêncio e depois continuou: - E eu sei. Eu sei que posso salvar o mundo, eu ainda não desisti. Eu, e apenas eu, surgindo do nada para salvar uma mocinha indefesa oprimida pela família ou por qualquer outra coisa. Mudar o rumo da história, entende? Eu sou um herói. Me inclino todo pelo super-homem: aquele que as pessoas reverenciam por onde ele passa. Eu queria ser reverenciado, amado, idolatrado porque eu também sou um herói e se ninguém me vê ou se não me reconhecem, o problema não está comigo: eu tenho uma capa. 

           E tomado pela empolgação, continuou: - Escuta, você me acha um príncipe? Porque o super-homem é um príncipe. Eu queria ser um príncipe para você: te dar um sentido. Tá. Eu sei que você já tem, mas se você quisesse eu. Eu podia te levar para voar qualquer dia desses. Sabe, quando eu era pequeno, eu também sonhava em ser um astronauta e minha mãe me incentivava tanto. Ela sabia que eu era especial. Você me acha especial? Uma vez vi um filme. Era de um menino que queria ser astronauta como eu. E ele conseguiu. Construiu um foguete que foi visto por toda a cidade. Foi um lançamento e tanto. Que proeza! Eu queria ser como ele. Eu também queria ser como o super-homem, mas é que eu tenho medo de sair de casa. Eu te falei que eu tenho medo? Não suporto quando as pessoas olham feio para mim. Me incomoda. Eu me pergunto: como posso ser um herói se tenho medo das pessoas?

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