4 de julho de 2011

Amanhã, quem sabe amanhã

Conte-me. Qualquer coisa. Diga que não sabe dançar. E se souber, fale da sensação de cada passo que se dá. Cada rodopio. Cada volta. Diga-me o que for.


Fale-me da chuva. Conte-me sobre a água que cai do seu chuveiro a cada banho, a cada lavar de rosto, a cada. Fale-me das sensações. Não, não me peça para falar de mim agora. Tenho andado soturna ultimamente. Qualquer palavra. Qualquer caso não seria suficiente para fazer um esboço de como eu me sinto agora. Mas amanhã, quem sabe. Amanhã eu já devo ter melhorado e aí sim você me verá de forma mais clara. Amanhã eu deixo você falar de mim.

Amanhã, quem sabe amanhã eu também possa falar de mim para você. E eu não quero com isso reproduzir o Fernando Pessoa. Hoje. Hoje é que eu estou pensativa. São pensamentos sobre coisas como o dia e a noite, por exemplo. Sim, também estou pensando nas coisas que tenho lido ultimamente. Hoje não dá para falar de mim. 

Não, eu não me incomodaria se você começasse a falar sobre você agora. Estou esperando. Vamos, comece. Eu sei. Eu sei, mas eu sou paciente. Isso vai me fazer bem, contanto que você não me inclua em suas descrições. Eu não receberia de bom grado porque hoje eu não quero falar de mim. Sim, eu sei que estou pedindo muito, mas hoje estou pensativa. Talvez amanhã eu queira falar de mim para você. Depois, quem sabe. Escuta, você pode começar assim. Hoje eu não posso.

Um comentário:

Você pode dizer muito ou quase nada; pode apenas fincar as suas unhas e aranhar a minha janela ou derrubar as cortinas, não tem problema: mostre que você está vivo! Obrigada por estar aqui!