11 de julho de 2011

De Cara para a Lua

imagem adaptada
Ele acordou. A boca seca. Os cabelos desgrenhados. Sentou. Olhou os bolsos. Revirou a carteira. Dinheiro. Documentos. Nada. Deve ser um pesadelo, concluiu. Só pode ser isso: um pesadelo.


De cara amassada. Ele tenta levantar. O peso do corpo denuncia que houve muito dispêndio de energia. Bebeu muito a noite anterior, agora lembrava de alguns episódios passados.

Saiu de casa na sexta, às 10 da noite, com a promessa de diversão garantida. Como nunca antes havia feito. Passou no caixa eletrônico e tirou uma boa quantia em dinheiro. De carteira recheada. Acena. Pede um táxi. Vai a caminho da diversão. Meia hora. Só meia hora. Chega. Paga pelo táxi e entra no local indicado. Nunca havia estado num lugar como aquele. Tinha que desembolsar um bom dinheiro para permanecer ali, pensou.

Tratou logo de pedir uma bebida, estava perdido com tanta luxúria à sua volta. Quando ele tomou a primeira dose, começou a tocar uma música eletrônica que fazia os sentidos pulsarem. Ele viajou na música e, por um instante, chegou a pensar que estava no céu. Mas era tudo na mesma base: dinheiro, bebida, mulheres. As coisas funcionavam nessa ordem. Sua última lembrança foi a de estar ao lado de três belas mulheres e, na mão, um copo cheio de um líquido esverdeado.

A calça rasgada. Ele olha em volta. Já é noite e ele nem sabe onde está: só sente a areia nos pés. Ao longe ele avista um casal de namorados e à sua frente um imenso mar. O que será que aconteceu, ele se pergunta incessantemente. Grita pro casal e pergunta: “que dia é hoje?” e obtém a resposta evasiva “sábado”. Era sábado à noite e ele estava na areia da praia completamente perdido: sem dinheiro e sem documentos. Olha pro céu como se quisesse um socorro e dá de cara com uma bola branca, enorme. Um consolo. Ele se deixa cair na areia. Está perdido e vencido pelo cansaço. Melhor ficar de cara para a Lua. Assim está melhor.

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