8 de agosto de 2012

O Poder das Coisas #2:

O Poder que a Palavra tem Sobre as Coisas


Ilustração: Alesson Felipe
Acaso tem a madeira o poder de construir a si mesma? Eu me pergunto cheia de intento e de inexplicável ânsia de resposta. Não obtenho uma resposta clara porque sei que a madeira é um caso à parte. Mas a verdade é que eu não sei como o Moacyr consegue dar vida às coisas porque nem eu mesma me criei. Nem faço ideia de como dar vida a outrem, mas o Moacyr sabe.


Deixa que eu me construa! Que eu me construa! Grita a palavra à procura do caderno e das mãos ágeis de um escritor. E eu não sou uma escritora de ofício, talvez por isso a palavra tenha medo de se mostrar para mim, enquanto eu, desesperadamente, invento técnicas para criá-la. Criar. Criar. Todos os dias eu durmo e acordo com esse pensamento e não consigo concluir porque não sou dotada da sensibilidade do Moacyr.
Para mim, as palavras nascem de forma simples e banal, como se eu tivesse cosendo um emaranhado de retalhos. Ah, como eu me engano às vezes. Como eu minto para mim quando escrevo. Têm palavras que soam falsas em meu caderno. Sou ocasional, mascaro coisas. Para a palavra nascer é preciso ter muito mais do que técnica e palavra: é pensamento, é volta ao passado. Palavra é sentimento mais do que tudo, como disse o Moacyr uma vez quando tive a oportunidade de lhe perguntar sobre. 

Moacyr, quando pensa em desenvolver um texto, compara mentalmente sua tarefa a de um lenhador que se prepara para derrubar uma imensa árvore: a logísta, as ferramentas, as leis, o incentivo, a necessidade, a experiência, o público-alvo e o corte. Às vezes Moacyr abdica de uma menção para satisfazer a uma linguagem perfeita, uma quantidade X de letras e a característica da linguagem  textual. Comigo é diferente, a minha contenção é para manter as aparências, sou contestável e insegura. Eu sei que preciso aprender muito com o Moacyr.

E afinal de contas, a palavra pela palavra não basta, é necessário sentimento, pessoa a pessoa, parede a parede, Moacyr sabe bem disso. E para construir um texto, Moacyr fala consigo, revolve o passado à procura de lembranças que o inspire. É assim que a palavra ganha vida, força, sentido. Então eu concluo que sou a própria construção passível de fazer sentido. Eu sou o sentido de tudo, eu tenho o poder em minhas mãos: a vida! Vou ali aproveitar a vida e já volto e depois expresso tudo através das palavras.

4 comentários:

  1. Olá, queria Edilma
    "A palavra pela palavra não basta... é preciso sentimento"...
    Lindo e verdadeiro demais!!
    Deus te cubra de bênçãos e te faça feliz!!
    Bjs festivos de paz

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  2. Aproveitar a vida sim.
    Também gostei muito do texto Edilma.
    Xeros

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  3. Confesso que eu nunca pensei em como criar um texto. Isso foi algo que foi acontecendo comigo - mas acho que tudo se limita a sentir. Nunca pensei na pode de uma árvore. Talvez o semear. Não sei... rs
    Me deixou a pensar. Que bom
    bacio

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