5 de dezembro de 2013

A Linha Tênue que Separa o eu Poético do eu Acadêmico

Estou em branco com as palavras ultimamente. Eu até entendo o fato de estar em branco, estou mais acadêmica do que nunca, e ninguém há de compreender isso e nem eu quero. Afinal, o que os outros têm a ver com a minha febre acadêmica? E os outros devem estar se perguntando que raios é essa história de “acadêmica?” Suspiro lento e com dificuldade para responder a um questionamento que eu mesma coloquei na cabeça dos outros: um acadêmico estuda, se entrega, busca problemas, desenvolve e destrincha cada tópico, procura uma metodologia que mais se adéqua e aplica. É só isso? Possivelmente... Não!


 A vida de acadêmica anda roubando as ideias cotidianas e transformando-as em problemas de pesquisa, em objetivos gerais e específicos e em metodologias arriscadas. Não estou reclamando de nada, isso até que é bom. Estou mais apurada, é esta a palavra. O meu questionamento é: onde foi parar o sentimento do mundo? Eu me pergunto: onde foram parar os suspiros poéticos em forma de juras de amor, sonho e saudade com um pouco de solidão? Ah, estão pululando na palma das minhas mãos, na ponta dos meus dedos, no olhar de quem corre a página em branco com cuidado e na mente de quem guarda todo o sentimento dessa vida, só não apresento tudo agora porque ando sem tempo. 


 Ando muito sem tempo – esse muito-sem parace bem contraditório, mas o que se há de fazer quanto à realidade? Sem tempo, voltei a escrever hoje e coloquei os outros como personagem porque sinto saudade do meu eu poético. Os outros podem não entender, muito menos você, mas estou feliz por estar de volta ao cotidiano, de parar e jogar a realidade para o alto e viver o dia todo só de sonho e findar o dia na prática da escrita como se não devesse explicação a ninguém e muito menos utilizar outros tantos seres para dizer o que eu quero. Deixa assim como está, não vamos entrar em detalhes agora. 

 Na verdade, escrever longe da linguagem acadêmica dá uma sensação de liberdade, embora eu também sinta um pouco de “liberdade” pesquisando aquilo que me interessa. E não seria a escrita acadêmica uma forma de realização poética? Detalhe: não tem como comparar uma coisa com outra, peço desculpas a você e aos outros pelo equívoco. Vou contar um segredo: sinto-me leve e feliz neste instante, embora no próximo instante vá me encontrar pregada a uma cadeira, em frente ao computador, com uns autores na palma da mão, e outros na mente, para embasar o que pretendo desenvolver academicamente. Isso não quer dizer que eu não vá me encontrar feliz, mas é diferente. Você e os outros vejam que eu até quero fugir do academicismo, mas não tem jeito, está o tempo todo na minha mente.

 Deixa, deixa tudo pra lá. Não quero confundir você e os outros, só quero resgatar meu eu poético e também quero o lirismo dos bêbados. Minha alma clama por liberdade e por palavras bonitas, feias, acalentadoras – também as que machucam e as que fazem sonhar. Minha alma clama pelo sentimento de ingenuidade que o eu acadêmico tratou de retirar da minha persona. Perdi a ingenuidade das coisas, perdi o sentimentalismo bêbado e barato. Agora só me vem o pensamento estratégico: o meu lado esquerdo do cérebro deve estar fervendo: afinal, anda trabalhando como nunca! Daí a explicação pra esse branco que tem tomado conta das minhas palavras. Onde foi parar o caos das minhas palavras? Onde está o desequilíbrio da minha mente e corpo? Ando muito racional. Coração, por que não te agitas? Por que não te agitas em vão como dantes, coração? 

 Os outros podem não entender, mas espero que você esteja acompanhando o meu pensamento agora. Estou confusa, mas ao mesmo tempo sinto-me livre e minha alma pede para que eu continue agitando os teclados do meu computador – estou tremendo agora porque os sentimentos pululam em minhas mãos, em meus dedos. Uma linha tênue separa meu eu poético do meu eu acadêmico e nada tenho a temer. Só peço, encarecidamente, a mim mesma, para vez ou outra romper com o eu acadêmico por um dia ou algumas horas e voltar a escrever como quem sonha como se não houvesse amanhã.

6 comentários:

  1. Certa vez um cidadão me disse, cuidado para não acabar como os acadêmicos. Dei risada e fui embora. Anos mais tarde entendi o que me havia dito e fiquei com medo de ser tarde demais. Hoje, sou sincera em dizer que não teria feito metade dos estudos que fiz e, sinto falta daquela pessoa que eu era antes. Mas como já fui invadida por coisas outras, tento unir uma a outra e me reinventar. rs

    bacio

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  2. Ah Edilma, sei em partes o que falas.
    O envolvimento acadêmico quando toma conta dos nossos pensamentos é somente isso, ou tudo isso, ou demais.
    Sei lá.
    Vamos vivendo.
    Feliz Natal.
    Xeros

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  3. Oi, Edilma!
    Estamos sempre divididos, não é mesmo? O seu lado poético quer escapar, pois anda sufocado? Dê uma chance à ele e depois volte à academia! :D
    Boas festas e feliz 2014!!
    Beijus,

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  4. Krl Edilma...pqp...li o texto todo agora sem nem pestanejar...e olha q o texto eh grande..kkk...massa...oq vc escreveu eh mto real.. Vamos escrever...to em falta tb
    ..a real eh q vc tem q tornar seu cérebro ambidestro... Sacou? :)

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    1. Oi Marcelo!! Vamos escrever!! rs :) Beijos e saudades!

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