Certified Information

Já foi o tempo em que uma pessoa chegava numa barraca da esquina e comprava fiado só com a cara.

E dizia coisas como: você pode me vender, mês que vem eu pago; confie, que quando eu tiver dinheiro eu dou o dobro; me ajude hoje, amanhã eu lhe ajudo.

Tempos passados, amigo. A tecnologia nos permite inserir, processar e coletar dados a qualquer tempo, conforme conveniência.

Mas não se engane, ainda existe por aí um Cícero da barraca que oferece crédito a outrem pelo sistema de caderno de controle; mas, fiado mesmo, só com o vizinho confiável, que fique claro.

E temos que provar tudo hoje. Se somos reais. Se nosso perfil na Rede Social não é uma farsa. Se o que escrevemos é de fato verdadeiro. Se nossa conduta é ilibada. Conduta ilibada? Exige-se tanto das normas de comportamento que, às vezes, até respirar é um pecado.

É até cansativo fingir formalidade quando o que se quer mesmo é sorrir. Contar uma piada sem graça. Dizer que o sapato tá apertando o pé. É cansativo fingir que se é comportado sem o ser.

Mas ‘comportamento’ hoje parece tão necessário que algumas pessoas só te dão confiança se você for formal. E se no seu perfil da Rede Social tiver uma foto mais ousada então. Deixa pra lá. É sobre essas coisas de ‘facilidade’.

A oporedora de cartão de crédito só libera compra se seu nome estiver limpo na praça.

As empresas hoje para contratar dão uma espiadinha no perfil do candidato: “você tem que ser na Rede o mesmo que você é na empresa”. Ora, ninguém pode dizer um palavrão no Orkut, Twitter, Facebook ou similares, que corre o risco de perder o emprego.

E cada dia nos cobramos mais e somos cobrados pelos nossos atos. Mesmo que não haja ato nenhum.