Seus olhos brilhavam como se fossem inundados por água, duas bolhas cheias de segredos incontestes: ela era a mais franzina da Vila Francinette e também a mais intrigante de todas, seu nome era Emília, a moça dos versos rebuscados e enigmáticos, sua fama corria a Vila, mas seu posicionamento arredio afastava a maioria das pessoas do seu convívio. Tudo bem, ela ainda tinha a família e a imaginação. Emília figurava o silêncio, mas seus olhos d'água corriam precisos por todos os lugares e eles falavam mais do que qualquer palavra pronunciada.
Palavra corrida, palavra cantada, abecedário imaginário. Emília, com seus olhos inundados d'água, gostava de sentar junto das árvores, embaixo das nuvens de poeira e de gás. Emília gostava de sentir o cheiro da terra e dos ares, ela era toda imaginativa e sua pronuncia figurava um tempo distante: um caminho mais além, vivia em altos voos. Hm, figura arredia, todos diziam; figura imaginativa, falava por figuras de linguagem; coloquialismo besta, as pessoas falavam. Emília sentia e sofria. Vamos falar baixinho agora, é segredo: o medo das pessoas não tinha nada a ver com o fato de Emília ser arredia ou imaginativa e sim por ser ela dotada de muito sentimento: ela percebia coisas que as pessoas não queriam mostrar: era sensitiva. Seus grandes olhos d'água causavm pavor, tamanha curiosidade que eles demonstravam. Emília fixava o olhar e emudecia. Pronto, era o suficiente e todos cochichavam: "ela está voando por entre nuvens...".
Olhos d'água, Emília imaginativa, a turbulência não existia. Emília de noite, Emília de dia. Emília sorria, Emília crescia e desenvolvia. Tornou-se mulher bonita, arredia e cheia de perspectiva: ganhou o poder da palavra. E, para sua surpresa, agora todos queriam a sua presença e agora ela se escondia. Um dia, sentada embaixo da sua árvore predileta, viu um rapaz esguio, rosto quadrado, cabelo encaracolado passar perto de onde estava. Ficou encantada, seu rosto enrubesceu, deixou cair as amarras: o que devia ser? A essa altura, ela já havia se tornado a mulher de olhos d'água mais encantadores e mais acolhedores do mundo. Emília mudava, mas uma coisa continuava a existir: seu voo por entre nuvens. Ah, ela voava muito.
Emília era comedida e tinha sonhos sem medida. Danada, Emília!! Beijus,
ResponderExcluirEmília era especial e muito sensível.
ResponderExcluirBom dia Edilma.
Xeros
Oi Edilma,
ResponderExcluirsó venho lembrar que hoje é dia de BC Amor aos Pedaços. Desculpe não comentar seu texto mas estou mesmo só de passagem em formato de lembrete. Não leve a mal.
Beijinhos.
Rute
Trocou o template... ficou bonito!!
ResponderExcluirBeijus,