
Então, atordoada, tomei uma pílula para o sono chegar mais depressa. Fiz o que ele me pediu: dormi e sonhei como nunca dantes. Eu estava numa estrada férrea escura e deserta, os trilhos estavam desgastadas pelo tempo, as paredes das casas, ao redor, estavam descascadas. Devo ter voltado a um tempo velho demais para salvar o meu próprio eu. E o meu eu só queria amor e amor. O amor veio por entre as sombras, calmo, seguro, passos lentos e parou à minha frente com uma segurança que me impressionou. Eu estava ansiosa, mas mantive a calma para não por tudo a perder.
Ele ficou à minha frente, olhos negros fixos e não pronunciou uma palavra sequer. Não mais conseguia me segurar e, em dado momento, senti que a ânsia ia me tomar por inteiro, mas ele segurou o meu queixo, olhou bem no fundo dos meus olhos e perguntou se eu sabia o que estava fazendo. Eu balancei a cabeça em afirmativo. Ele sorriu e disse que a hora era um tanto incerta: não se pode controlar tudo. Eu concordei com ele, mas não entendi o porquê daquela observação. Afinal, havíamos conversado sobre tudo antes. Antes de decidir lutar pelo amor. Fiquei um pouco distante de tudo aquilo até ouvir de novo a sua voz. Ele me perguntou: “Você está pronta?”. E eu titubeei: “Oi? Não ouvi!”. Ele repetiu de forma categórica: “Vo-cê está pro-o-onta?”.
Num sussurro de entrega eu disse “sim” e pedi para que ele segurasse as minhas mãos e não me deixasse ter medo porque ali nós dois poderíamos ser como quiséssemos. Ao ouvir isso, ele sorriu e seu olhar estava terno e livre. E, lentamente, eu abri os lábios e disse bem devagar: “Sinta o meu corpo perto do seu e não esqueça, eu sou o que você precisa”. Então, com um olhar de desejo ele aproximou seu rosto do meu e roçou o seu nariz em meu pescoço. O seu contato foi tão quente que eu fechei os olhos para sentir sua pele junto a minha. Aquele apelo sensorial me deteve por uns instantes, quando, de repente, ele se afastou e perguntou o que, de fato, eu queria.
Atônica, eu falei para ele que já havíamos conversado sobre tudo, era preciso que continuássemos antes que fosse tarde. Então eu lhe expliquei que vinha de um mundo onde pessoas estavam amontoadas aguardando o fim do amor e ele fazia parte desse amontoado de gente. Estávamos ali para não permitir que tudo acabasse como um espetáculo ruim. Nossa parte no espetáculo era não permitir que a platéia morresse de tédio e arrependimento. Eu, eu só quero salvar um sentimento bom. Um sentimento que prezo, eu... Ele me interrompeu e disse com voz firme: "Eu preciso que você acorde! Eu preciso que você acorde! Eu não posso agora". Eu ainda tentei retrucar, mas acordei num sobressalto.
Levantei e o meu primeiro ímpeto foi o de sair correndo pelas ruas até chegar à roda gigante para comprovar se eu estava mesmo sonhando durante todo o tempo ou se tudo aquilo que vi no sonho fazia parte de uma realidade. Me contive. Sabia que era preciso ter calma, molhar o rosto e tomar um gole de café quente antes de prosseguir.
Aêee!!!
ResponderExcluirMuito bom, dá aquela sensação de querer saber o fechamento, sinal que tem mais história vindo por aí...Parabéns!
Hm... Oi! Bom, estou pensando aqui se publico a continuação. Demorei um ano e meio pra decidir publicar este. Só o publiquei porque quase perdi. rsrsrs Quem sabe não publico a continuação?
Excluirbjs
Eae Edilma :P po...fiquei curioso com esse final aê hein . . .
ResponderExcluirOi Marcelo!! Quanto tempo!! Bom que você está de volta... Quem sabe não revelo o que vem depois? Estou relutante! bjs
ExcluirOi, Edilma!
ResponderExcluirSonhos assim são intrigantes pois parecem reais e possíveis... rs.
Beijus,
Oi Luma!
ExcluirÉ verdade. Sonhos intrigam... Grande beijo!