Fechei as cortinas para além da janela da minha imaginação e publiquei,
com base em argumentos plausíveis, o amor em bebida doce. E como tudo tem um contraponto, derrubaram minha
teoria com o argumento de que na literatura não há suporte para tal abordagem e tudo o que se dizia
doce junto com amor foi rejeitado.
26 de outubro de 2011
20 de outubro de 2011
Por Trás das Cores
Estava chovendo muito, apressou os passos para alcançar logo a calçada da sua casa. Quando entrou, chegou perto da vidraça e viu que a chuva ainda caía forte, olhou abaixo o jardim todo florido e a rua estava quase deserta. "Hoje o dia será monótono" disse em voz alta; tomou um banho e pensou em ir para a cama; o jeito era ficar o resto do dia embaixo das cobertas, mas ao virar-se em direção ao quarto o telefone tocou. Som estridente; ela correu para atender, e pensou: "talvez alguém me dê um motivo para sair de casa".
17 de outubro de 2011
Céus Frígidos
Estava se revirando de tanto desespero, é que hoje, ao acordar, ela foi até a janela que dá para o jardim e descobriu que, como todas as outras coisas, as flores haviam secado e o tempo, contrariando a previsão, estava frio e seco.
E lhe ocorreu um pensamento sólido que fez todo o seu corpo tremer, tamanha intensidade: “não importa o quanto alguém manipule seus sentimentos, a verdade permanecerá intacta”.
13 de outubro de 2011
O Paradoxo da Idade
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Ilustração: Edilma |
Quando decidiu abrir o portão, a rua já estava escura, não havia nenhum barulho ao redor. Inclinou-se, abriu o ferrolho e o ruído do ferro ressoou por entre a escuridão e foi nesse ínterim que ele viu a si mesmo, como numa lembrança perturbadora de uma fotografia antiga e pensou que o tempo havia sido covarde em seus atos. Caminhou até a entrada da casa; quando deu por si, havia entrado na sala onde ele estava sentado em sua cadeira de vime, o rosto envelhecido, o olhar amável e a boca ensaiando um meio sorriso que logo foi desfeito ao ver-se a si mesmo e perceber o quanto as coisas haviam mudado entre um espaço e outro da vida.
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