16 de novembro de 2011

Futebol e Cinzas

Assim quando a gente perde a respiração e percebe que o grito não vem porque as veias não bombeiam mais o sangue e de repente o corpo cai, indefeso, em falso. E simplesmente a emoção engoliu a palavra e encheu todo o pulmão de ar e parou de bombear para o coordenador da vida: coração, por que te agitas? É assim quando o coração tremula ao ver a bandeira do time que provoca emoções fortes na gente e ela está lá, intacta, no alto do mastro formando ondas ao vento. A cada vento forte que passa por ela.

Assim também pode ser dita a emoção de ver na avenida a Escola de Samba que desfila sua alegria e provoca o público com suas cores vibrantes e aguça o pensamento. “É este ano!”. É assim quando o jogador entra em campo e faz o sinal da cruz e toca no gramado e pensa: “hoje é o meu dia. Vou fazer um gol!”.

Pega a chuteira e calça o pé cansado e humano. Pega a fantasia e veste e esquece que perdeu o sono. Pega a camisa número dez e diz que é da sorte, e vai para fazer o que um herói faria para salvar o mundo: humano só depois que acabar o jogo. Pega o Tarol e corre para a bateria e diz que não pode falhar porque é tempo de entoar cânticos. Vai. Tece pensamentos nostálgicos e mira uma nova perspectiva: “vamos vencer. Vamos ser campeões”. Chega o carnaval assim como quando chega o campeonato: ambos são uma grande festa: ambos incitam a criatividade e formam cores. As cores da bandeira. É hora de chutar a bola: o jogo começou.


Tropeça, cai, chora e emudece. A avenida aplaude. O juíz pune com falta. O sorriso aparece. O samba continua: o jogador dança. O torcedor se levanta, canta o hino do time, veste a camisa, apóia os jogadores, pede para que eles joguem. O jogador se levanta também. Limpa o sangue. A avenida aplaude a resistência do passista. Joga e vence. Todos aplaudem. E cantam eufóricos e gritam:“é este ano!”. Depois dos quarenta e cinco do segundo tempo, a quarta feira de cinzas baixa e eis que tudo se deu por finalizado. Acabou o jogo. Alguns cantam, outros choram. O passista lamenta ter que esperar para o ano que vem: "tempo demais para fervilhar na avenida". É assim quando a gente sente a emoção à flor da pele. É assim quando a gente torce!

2 comentários:

  1. Me fez lembrar da tarde de ontem onde metade era emoção e outra metade desilusão. Todos em cena, menos o meu sentir que estava dentro, focado em ilusões minhas que não alcançam outros. rs

    bacio

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  2. felicidade clandestina e o reino estão aqui: http://www.facebook.com/profile.php?id=100003308320359&sk=wall

    será bem vind@ lá :)

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Você pode dizer muito ou quase nada; pode apenas fincar as suas unhas e aranhar a minha janela ou derrubar as cortinas, não tem problema: mostre que você está vivo! Obrigada por estar aqui!