E eu o vi, Júlio, e foi quando você começou a cantar as cores e o vento e você disse, em voz alta, que era para mim e você desenhou, em vermelho, um acorde no chão da minha rua de pedras azuladas e polidas com o teu canto manso e gentil e você me falou de tudo quanto é canto e você me fez alegre naquela noite encantada que você criou só para mim como num sonho que perdura e invade a alma de canto a canto e faz tudo ao redor brilhar como uma lâmpada fluorescente e como o meu sapato vermelho que eu comprei só para lembrar de você.
E lembrar do que você fez naquela noite quando chegou e brincou com os meus sonhos e, com isso, roubou a minha atenção para si e me conquistou com aquela sua voz suave, porém de trovão, e você me pediu para eu não ter medo que era apenas uma chuva que caía do céu e, logo depois, num instantinho, viria a estiagem e sua voz mansa, porém arredia, encheria de novo os meus ouvidos e você se tornaria maior dentro de mim e me faria saltitar como quando eu te vi pela primeira vez naquele dia em que você cantou as cores e o vento e.
E eu te vi, Júlio, em minha saudade e canto agora para que retornes e invadas o meu sonho novamente e me torne inteira e alegre como naquele dia em que você desenhou, em vermelho, um acorde no chão... Como naquele dia, eu peço que venhas e me faça dormir sorrindo até que nasça novamente um novo dia.
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