"E vou tomar aquele
Velho navio
Aquele velho navio..."
(Jards Macalé e Wally Salomão)
Ela tinha que seguir em frente, bem sabia; como um músico que inicia sua melodia com firulas para incitar o público a segui-lo no mesmo tom, assim o seu âmago indicou o caminho. Fez o seu roteiro como quem faz uma jangada de pau a pique, sem sustentação, sem nenhuma substância, sem previsão de retorno: improvisada pela necessidade do tempo. E, sabia, depois que entrasse no meio do mar não haveria mais volta. Era certo que, em algum momento, a jangada a deixaria à deriva: preferiu arriscar-se.
No início as águas mostraram-se calmas, serenas. Após algum tempo, e sem tréguas, as águas ficaram revoltas; bravio, o mar desfez sua jangada em pedaços e, como havia presumido, ficou sem amparo, mas sob o som das águas turvas ela ainda ageadeceu a posição. "Cheguei mais longe do que imaginei", pensou. Foi uma grande prova de resistência. E quando estava em desespero, parou ao seu lado um navio mercante. Nem acreditou quando viu a imensa plataforma ao seu lado, parecia um sonho. O capitão da tripulação lhe ofereceu ajuda e deu duas opções: ir com eles ou dar continuidade à sua viagem num barco resistente. Decidiu ir com eles porque teria companhia e uma cama quente para dormir, além de boa comida. Aceitou, enfim. E a viagem foi longa.
Durante o tempo em que esteve na companhia da tripulação do MERCANTE aprendeu de tudo: até a dançar ao som do saculejo do navio quando este se debatia numa tempestade; aprendeu que o céu pode estar mais perto dependendo da posição em que nos fincamos e descobriu as estrelas em meio ao imenso mar; com os olhos bem abertos viu que é possível doar palavras sem esperar diálogo. Foi assim que aprendeu a receber as primeiras frases de afeto. Com as mãos, aprendeu a tocar e sentir as águas e a compartilhar histórias com pessoas que ela conheceu durante a sua viagem. Andou por ai e saltitou por entre uma poça e outra de água antes de voltar ao mar.
Durante o tempo em que esteve na companhia da tripulação do MERCANTE aprendeu de tudo: até a dançar ao som do saculejo do navio quando este se debatia numa tempestade; aprendeu que o céu pode estar mais perto dependendo da posição em que nos fincamos e descobriu as estrelas em meio ao imenso mar; com os olhos bem abertos viu que é possível doar palavras sem esperar diálogo. Foi assim que aprendeu a receber as primeiras frases de afeto. Com as mãos, aprendeu a tocar e sentir as águas e a compartilhar histórias com pessoas que ela conheceu durante a sua viagem. Andou por ai e saltitou por entre uma poça e outra de água antes de voltar ao mar.
Assim foi o seu roteiro durante vários anos e hoje, enfim, em terra firme, volta a relembrar tudo aquilo como uma grande história que permeia o imaginário de tanta gente; e ainda agradece ao capitão do mercante por tamanha atenção; e foi durante este tempo que ela se descobriu menina-mulher ou mulher-menina, às vezes forte, às vezes frágil. E é nessa fronteira entre o ser e o estar que ela traça seus planos para amanhã e depois; depois de amanhã porque hoje ela brinca de escrever histórias em meio aos pingos de chuva. Agora ela dança por entre porções de areia, mas sua lembrança é um continuum, onde tudo pode ser feito e dito, sem grandes intervenções. Mesmo em meio a um imenso mar.
Viajar é preciso, mas regressar, também.
ResponderExcluir:)
Como dizia uma antiga professora: Calma e elegância. Precisamos para todas as ações que dependem da paciência. Bom fim de semana! Beijus,
ResponderExcluirO importante pra mim é ir em frente, depois que se chegou a algum lugar, podemos sim, espiar a nós mesmos e perceber nossas descobertas, vitórias e derrotas, mas nunca antes, afinal, parar para observar a si mesmo no meio do caminho não permite o passo adiante, gera atrasos ou cansaço de perceber que ainda há muito para alcançar...
ResponderExcluirbacio