Até a noite passada, sentia-se leve. Por conversarem bastante, abriam-se como duas almas que se entendem. Ele confessava seus amores errados, tantas namoradas a quem havia dado rosas e recebido cinzas.
Ela, por sua vez, falava sobre o dia anterior: trabalho, supermercado, fila de banco, louças no jantar. Trabalhar e cuidar da casa nunca foi tarefa fácil. Ele ouvia atentamente, parecia-lhe um amigo de longa data por quem nutria admiração, confiança e uma pontinha de tesão.
Era muito atraente, a barba sempre por fazer, os cabelos elegantemente despenteados, a roupa propositalmente despojada.
Foram meses assim, em conversas quase que diárias no almoço, no mesmo pátio de shopping onde se encontravam e comiam, juntos, antes de voltarem ao trabalho.
Até que, certo dia, um contou ao outro o que sentia. “Para falar a verdade, sempre lhe achei atraente e não sei como está sozinha”. Ela, sorriso contido, respondeu que era recíproco.
Naquela noite – ou na noite passada –, se encontraram. Adultos, bem resolvidos e sozinhos. Uma noite para tirar todo o fardo diário da vida adulta.
Mas, no dia seguinte, veio o peso da incompreensão, cuja força mais parece chumbo!
Texto realizado em parceria com meu amigo Deivid do Blog Impressoes Sobre o Mundo Adulto!
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